Um pensamento sobre cosmologia

 Ainda outro dia, tentava ver lógica no sofrimento. Esquecia de tantos tamanduás, jabutis calcinados no cerrado. Mas talvez o homem tenha mesmo lugar privilegiado neste mundo de meu Deus. E talvez as doenças venham para ensinar. Ia ajudar os órfãos, não fui. Ia visitar as viúvas, não fui. Acabou tudo num emplastro de gelo puro e cristalino. Alguma viúva ou órfão querendo conversar?

Comentários

  1. Se privilegiado é o ser humano não é por acaso ou pelo destino, mas porque o próprio buscou dar sofrimento aos outros seres, com ele mesmo incluso, para ter seu conforto. Talvez, realmente doenças ou desastres vêm para ensiná-lo uma lição, os enviuvando ou os deixando órfãos, os privando da felicidade e condenando-os a entender a lógica do sofrimento, sem ter ninguém para conversar.

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  2. O texto faz uma reflexão sobre o egoísmo, fazendo refletir sobre como sempre é colocado a própria dor a cima da dor alheia.

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  3. o texto é uma meditação melancólica sobre a dor, a nossa relação com o sofrimento e a dificuldade de traduzir boas intenções em ações concretas. O final abre uma porta para a possibilidade de conexão e apoio mútuo em meio à dor.

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  4. Esse texto carrega uma dor silenciosa, dessas que a gente tenta disfarçar com pensamentos filosóficos, mas que no fundo incomodam demais. Fala sobre essa mania que a gente tem de tentar entender o sofrimento, dar um sentido pra ele, como se isso fosse aliviar alguma coisa. Mas aí vêm as imagens fortes — tamanduás e jabutis queimados no cerrado — e fica difícil encontrar lógica em tanta tragédia.

    Tem também esse conflito interno entre a vontade de fazer o bem e o fato de, na prática, não ter feito nada. Quase um arrependimento calado. A pessoa queria ajudar, visitar, consolar… mas não foi. Ficou tudo só na intenção. E no fim, sobra só um vazio, um "emplastro de gelo", como quem tenta aliviar a dor com algo que parece puro, mas que não cura.

    E a pergunta final — "Alguma viúva ou órfão querendo conversar?" — parece meio desesperada, meio cínica até. Como se fosse uma última tentativa de se conectar com o que ainda resta, de fazer alguma coisa, mesmo que tarde demais.

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  5. Esse texto parece um desabafo de alguém que tá se sentindo mal por não ter ajudado quando podia. Fala de sofrimento, de gente e bicho sofrendo, e no fim solta uma pergunta que parece meio triste, meio querendo conversar de verdade.

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  6. O texto reflete sobre a tentativa de entender o sofrimento e a culpa por não agir diante da dor alheia. Mostra a frustração com a própria inércia, usando imagens fortes da natureza e da solidão humana. Termina com uma pergunta que revela arrependimento e o desejo tardio de conexão.

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